LUIGI CECCHELLA






Sobrenomes nesta página: BOFFON, CECCHELLA, CECHELLA, LINK, SEBASTIANy.

Ascendentes imediatos: OSVALDO CECCHELLA e ANNA BOFFON.

LUIGI CECCHELLA nasceu no nordeste da Itália, na comuna de Cison di Valmarino, na província de Treviso, região de Veneto, em 29 de março de 1860. Lá viveu até os 20 anos de idade. Essa comuna italiana tem pouco mais de 2500 habitantes e estende-se por uma área de apenas 28km quadrados (Fonte: Wikipedia).


Casa de Luigi em Cison di Valmarino - último prédio à dir. (Foto de Cristiano Cechella).


Face à insegurança sócio-político-econômica na época da unificação italiana, LUIGI resolveu emigrar para o Brasil, junto com outros imigrantes italianos, na segunda metade do século XIX.


Nota da Webmaster: As imigrações alemã e italiana no Rio Grande do Sul, iniciadas em 1824 e 1874, respectivamente, só foram possíveis porque os governo imperial e os governos provinciais asseguravam algumas condições.
A viagem era gratuita do ponto de partida até o local do assentamento, cada família recebia um lote de até 77 hectares, mais ferramentas, sementes e animais, ajuda financeira, isenção de impostos e de serviço militar por 10 anos.
Entretanto, nem sempre tal contrato era cumprido, especialmente em relação às terras, ferramentas e ajuda financeira. Muitas famílias eram, assim, jogadas ao desespero, sem condições de sustentar-se e, pior, sem condições de retornar a seus países de origem, mesmo que quisessem fazê-lo. Assim, por exigência dos colonos, o regulamento imigratório introduziu a possibilidade de trabalho assalariado, na construção de estradas e ferrovias, 15 dias por mês.
Fonte: Jacob Ott Steffen, de Porto Alegre (jornal Zero Hora/Almanaque Gaúcho - 07-04-2010).


Em 1880, LUIGI chegou à Picada Café no Rio Grande do Sul, na região que pertencia à chamada Colônia Alemã de São Leopoldo. Picada Café hoje é um pequeno município entre as cidades de Dois Irmãos e Nova Petrópolis, e dista cerca de 90 Km de Porto Alegre. Abaixo, uma imagem atual de Picada Café vista do alto.



Não está esclarecido por que o jovem Luigi teria ido inicialmente para essa zona da Colônia Alemã, sendo ele um imigrante italiano. Todavia, a região era um entroncamento e ponto de parada dos tropeiros que circulavam entre os Campos de Cima da Serra e a região do vale. Aí eles faziam a parada de descanso e tomavam seu café. Assim, por ser um local mais movimentado, poderia ter sido motivo para que um jovem italiano imigrante passasse e resolvesse ficar.


Nota da Webmaster: A Colônia Alemã de São Leopoldo era uma ampla área rural do governo imperial, onde os dois primeiros grupos de imigrantes alemães que chegaram ao Brasil entre 1824 e 1827 estabeleceram-se. Ali os colonos iniciaram a povoação que veio a se transformar na atual cidade do mesmo nome. O primeiro grupo ficou na localidade de Lomba Grande e o segundo, na linha colonial de Bom Jardim (ou São Pedro de Bom Jardim), hoje cidade de Ivoti. Alguns eram alfaiates e sapateiros, mas todos trabalhavam na agricultura.
A colônia se estendia por mais de mil quilômetros quadrados, indo em direção sul-norte de Esteio (hoje) até o Campo dos Bugres (Caxias do Sul, hoje). Em direção leste-oeste de Taquara (hoje) até o Porto dos Guimarães, no Rio Caí (São Sebastião do Caí). Fonte: Wikipedia

Após estabelecer-se em Picada Café-RS, LUIGI conheceu a família Link. Embora se saiba que a sua profissão original era de marceneiro, ele solicitou trabalho no moinho da família que viera a conhecer.

Do convívio com essa família Link, LUIGI veio a conhecer e casar-se com MARIA LUIZA SEBASTIANY LINK, nascida em Picada Café-RS em 12-08-1866, filha do casal Pedro Link e Maria Sebastiany - ele nascido na Alemanha em 1842.


Luigi Cecchella e sua mulher Maria Luiza,
com o promogênito Luiz, em 1889.

O casamento de LUIGI CECCHELLA e MARIA LUIZA LINK ocorreu em 29-10-1888, na Capela da Visitação de Nossa Senhora, no distrito de São Pedro de Bom Jardim, que pertencia, à época, a São Leopoldo-RS e, hoje, ao município de Ivoti-RS. Após o casamento, ela passou a assinar-se MARIA LUIZA LINK CECCHELLA.

O casal viveu por algum tempo em Picada Café, onde Luigi estabeleceu negócio próprio e nasceram seus dois primeiros filhos, LUIZ e ANNA MARIA.


Maria Luiza Link Cecchella,
com os filhos Luiz e Anna Maria, 1892.
(Foto Eduard Cramer - S.Miguel dos Dois Irmãos-RS).

Em 1893, Luigi e Maria Luiza Cecchella, com os dois filhos pequenos mais os irmãos dela, Pedro Link Filho e João Link Sobrinho, mudaram-se para a localidade de FELIZ/RS, quando em 1894 nasceu REGINA. Porém, lá não permaneceram por muito tempo, mudando-se poucos meses depois para Santa Maria, onde adquiriram terras. A cidade foi escolhida por acreditarem que teriam futuro promissor em razão da construção da estrada de ferro.


Os três filhos de Maria Luiza e Luigi Cecchella:
Da esquerda para direita: Anna Maria, Regina e Luiz (1896).

Contam que Luigi, sentindo saudades da Itália, pensou em retornar a sua pátria. Não concretizou esta viagem, pois os laços afetivos com sua família que aqui permaneceria foram mais fortes.

Tiveram, então mais uma filha, MARIA LUIZA, nascida em 1902, que não conheceu o pai, falecido poucos meses antes.

Entre os afazeres em Santa Maria, sabe-se que Luigi foi proprietário de uma cervejaria, situada na, hoje, rua Serafim Valandro. Posteriormente, empregou-se na Estrada de Ferro.

O convívio da família na totalidade dos seus membros foi interrompido, prematuramente, pela trágica morte de Luigi, aos 42 anos, num acidente de trem ocorrido aos 29 dias de dezembro de 1901, entre a Estação Colônia (Camobi) e Santa Maria (consta que ele teria caído, ao tentar passar de um vagão para outro, com o trem em movimento). Foi sepultado no Cemitério Municipal, tendo o seu corpo sido encomendado, rezando o rito romano, pelo Padre Caetano Pagliuca, Vigário da Igreja Nossa Senhora da Conceição – Catedral.


Extraído da crônica O PAÍS DOS IMIGRANTES", do jornalista Marcelo Canellas (Diário de Santa Maria, edição 19/05/2010):
"Olho para o outro lado da família e vejo um operário analfabeto, um ferroviário que possivelmente tenha assentado dormentes na estrada de ferro que liga a fronteira oeste a Santa Maria. Jeronimo Pasqualoto, meu bisavô materno, saiu do Vêneto, na Itália, provavelmente também em fins do século 19 ou começo do século 20, pelas mesmas razões: a fome e o desalento que assolavam a Europa.

Tolstoi diz logo na primeira frase de Ana Karenina que todas as famílias felizes se parecem; as infelizes são infelizes cada uma a sua maneira. Mas quando penso na saga dos imigrantes que viam o Brasil como um eldorado de oportunidades infinitas, passo a crer que todos eles se parecem nas tristezas e nas alegrias de uma saga heróica que ajudou a moldar a identidade nacional brasileira feita dessa mistura de culturas e ancestralidades. Grande parte deles se sacrificou, empreendendo uma vida de privações e trabalho duro e bruto para oferecer um destino digno aos seus descendentes. Talvez seja a forma mais radical de generosidade: meus bisavós operários pensaram em mim sem sequer imaginar que cara eu teria um dia."




LUIGI e MARIA LUIZA são pais de:

F.1 – LUIZ CECHELLA

F.2 – ANNA MARIA CECHELLA

F.3 – REGINA CECHELLA

F.4 – MARIA LUIZA CECHELLA


Após morte prematura do seu marido em acidente de trem, MARIA LUIZA, que havia abraçado a nobre profissão de parteira, assumiu a responsabilidade de criar e educar seus quatro filhos, ainda crianças. Era conhecida como "a parteira dos alemães".

Para ler dois depoimentos sobre MARIA LUIZA LINK CECHELLA feitos por suas netas Lia Maria e Maria Helena Cechella Achutti, clicar AQUI.


IMAGINÁRIO...

Colher dados, distantes no tempo, sobre a pessoa e personalidade de Luigi, impossível!

Conhecemo-lo através de uma única fotografia, ao lado de sua esposa Maria Luiza, tendo ao colo o pequeno filho Luiz. É nela, analisando-a e divagando, que tentamos descobrir seu jeito de ser, seus gostos, seus hábitos...

Os que hoje vivem, seus descendentes, não privaram de sua companhia. Morreu cedo, sua filha mais nova ainda no ventre da mãe.

Teria sido um “bambino”/menino sapeca? E o jovem Luigi, deixando sua pátria, o que teria sentido? E o pai Luigi?

Em meio a indagações – sem respostas – permitimo-nos imaginar... e o imaginamos um menino lindo, que brincou na terra distante, um jovem que sonhou e longe veio realizar seus sonhos... aqui trabalhou, amou, constituiu família.

E, é nesta família que podemos senti-lo através de seus descendentes que trazem consigo, através de gerações, tradições, hábitos, valores, lembranças de afetos recebidos, desejados, perdidos...

O que é retratado nestes registros é fruto de pesquisa e, por que não dizer, também de sentimentos amadurecidos pelas vivências.

Trecho do livro Casata Cecchella/ Cechella - Descendência de Luigi Cecchella e Maria Luiza Link
(Organizadores: Luiz Fernando e Lúcia Cechella; Lia Maria e Maria Helena Cechella Achutti, 2004).


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